26/04/2009

deejah

tu tens cheiro bom
poeta de vermelho coração
quando mais serenos juntos
já que saudade se dó na canção

nós éramos cabelos cheios de ventos
só por hoje então, viramos um e outro
do lado de dentro que te refresca
do lado de fora que te ouço

esse é um lamento de saudade
coisa que se tem mesmo sem lembrança
pois nesta vida não toquei ainda teu céu
nem tampouco dançastes minha dança

mas o que se faz quando não se pode tocar
é aumentar a dor e criar asas para lá
só pra abraçar o herói da noite tão rara
e criar um poema que fale do luar

25/04/2009

tua

de doar tanto que tornei-me tua, e
em tuas mãos quentes que imagino
a tal proteção quase nua

se doar para mim é coisa tua
se tenho certeza que em tua ausência
amor doado é o meu por tua pessoa

pois diante da ponte que nos separa
tens certeza reluzente
porque só se tem saudade o que se sente
e mais nada

foto e legenda: seblen mantovani

" Lua ténue em pedra dura"
minha sombra procura a tua nesse momento
sempre em busca de contato, um ato
mas em direção contrária
tua sombra me troca, de fato
esquecimento

verbo: precisar

eu não só me doo, preciso
não só sou motivo para recorrer
como também corro esse risco
não só dou ajuda
também desejo
não só sou você e eu
já tenho minhas penitências
eu não só ponho-te no céu
nele também tenho que chegar
não só encaixo-te em teu eixo,
é preciso contigo estar
eu não só posso por ti, ser
mas por mim preciso parar
é preciso doer para se poder deixar

10/04/2009

Palabra-lavra-lacra

De lá, e ainda, além, no acolá
Palavras soberbas transcendem
Paridas sobre um papel, acendem
Costurando-se da ascenção
d'onde se desprendem

Fugidas elas independem,
A não darem-se em um réquiem
Sem nem um porquê e nem porém
Difundem-se desde o vão
Ao preenchido, ainda que acuado tão

Solfejadas igualzito um staccato
Floreadas sabendo belas que são
Pois como um grão único em seu mundo
Em pedacitos ou adjunto como num fado
Esculturas de grãos no todo coadunado

Delas faz-se desorientado
Em suas sarcásticas orientações
Deturpadas ou ambíguas orações
Fazem-nas intrépidas iliçadas
Sendo vezes retas, vezes cruzadas

[do Dijáz Irini, pra Analu]

[invasão d'outra cabeça em terreiro alheio]