28/06/2011

Foto: Nina

Porque sempre que duas ou mais pessoas estiverem reunidas em favor da natureza, dos homens, da natureza dos homens; há de se reconhecer o amor puro e honesto saindo desse encontro.

25/06/2011

O som do coração

Todos os toques sensíveis enraizam-se na criação em mais um cio de inspiração, seguem suaves num sentido de prazer, arranjos de saber...Só ouve quem experimenta o som, quem tem quente o laço, um dom. São desenhos imaginários que percorrem nublados, salientes num cipó, procuram-se como mestres num pêndulo de dia e noite, enfrentando a manhã para se desfazerem com nó. Preso entre os dentes, ele continua empoeirado dentro do peito, mas calmo se permite despejar-se nas grades e soltar o grito nu alegrando-se em arrepios familiares e satisfeitos a procura de uma tempestade. Ele flerta, embaraça e inquieta o instrumento que acelera em redes acordadas pelo fruto de uma alma que jamais dormiu. O som que deseja ser encontrado respira velejando nas ondas das emoções escusas, tem em seu sangue o mar de aventuras e tudo mais que nas águas pode lançar. Profundo mais que um ruído, o único fardo que um membro sem voz pode sustentar, desde que o vazio nele desgastado seja como sempre a maior e mais comovente tentação de existir entre a solidão nas janelas e seus fios que nelas percorrem, deixando queixos caídos pelo motivo de espelhar-se felizmente em sonhos fielmente harmônicos...

23/06/2011

com tato

O que sigo dizendo é que se não houver um mínimo cuidado com o primeiro olhar, adiante enfrentaremos um mundo de incertezas cujo as orientações nos levarão às técnicas sempre utilizadas, sem levar em conta a individualidade do ser e todas as suas infinitas particularidades acerca de suas emoções.

Ter contato de verdade é submeter-se ao encontro de fato, onde a procura pela subjetividade acarreta descobertas interiores incríveis e saídas antes jamais enxergadas. Refletir-se no outro nos prega a insensatez quando a imagem entendida é uma que não agregamos à nossa pessoa, porém quando se compreende a semelhança entre um e outro, a satisfação é notável porque diante daquele desconhecido se conheceu a sua integridade.

Deixemo-nos tatear não só fisicamente, mas interiormente. Quando tocados nos tornamos mais amados e assim evoluídos. Qualquer ser é capaz de se deixar crescer quando em um mundo há a necessária essência de um viver.

21/06/2011

Des(a)sfixiando. Um encontro com o mais novo e antigo desejo existente foi aeróbico, no momento eu transpiro, agora eu respiro. Num reflexo encandescente flutuei até o seu instinto e deparei-me com suas mãos me tocando, seu coração me fotografando, seus olhos me seguindo e seu pensamento igualmente nos meus braços. É a tua presença que me faz voltar com os mesmos sonhos anteriormente esquecidos, pois não te abandono mais, não me distancio mais, quero demais, sempre quis muito, não tudo. Pessoas apaixonadas por gente, pelo futuro, encarando um presente, vivendo o afeto, querendo alento, sentindo o outro, fazendo junto, sorrindo ao fundo. Como é doce voltar, reconhecer o caminho, sentir a paixão pelas coisas, enfrentar o mundo, jogar-se com tudo e voar pelo escuro. É rico não esquecer, é o que transcende a dor da separação, é a aventura que por ora arrisca no peito, um simples desafio de não conseguir apagar da mente o que se não desgastou pelo pouco tempo que se foi.

20/06/2011

Um poeta na veia

Tenho todas as razões que facilitam correrem no sangue palavras antes enjauladas, mas que sofreram uma transfusão para a plenitude e agora possuem histórias magníficas de quase sufoco, harmonizadas pela consciência absurda de uma visão, do ângulo mais sensível, para a aspiração mais delicada de um dia. Foi uma noite de insônia, dia de constrangimento.
Mas a sangria invadiu-se de expressões fazendo ainda mais apropriado aquele gosto de sussurro doce que sempre percorre quando há a sensação de abandono, numa velocidade inspiradora de sucesso, avistada apenas pela solidez de uma poesia, a criação do afeto, a virtude de um poeta. É o bem, a perpetuação das flores, inquietação do coração, criação do amor.
Um suave sufoco corre nas veias, pois a grandeza asfixiada não mais o pertence, o engrandece porque o faz saltar, digerindo letras nem pensadas, suspiradas, enraizadas na corrente de sangue que só te pertence. É chuva de alegria, rios de satisfação, coisa de abraço, gente de visão. Inquietação, transtorno, proteção. Na veia me corre, penetra, estoura, transborda e sua. Suor é de amor. Estar na veia é ser profundo, é ser imenso. Ser poeta, ser gente, reconhecer gente, doar amor, sobra afeto, riso incorreto, nada é certo, tudo é humor. Tenho agora a poesia, pois creia, tenho a verdade do olhar, quero manifestar.
Que exista fincado agora na minha existência, tenho a sua presença, por isso meu bem, quero você agora, percorrendo por todos os vasos, bem aqui na veia.

18/06/2011

Ensina-me

O que eu já sou hoje e o meu tempo amanhã
E soma-se ao meu dia itinerante e febril
Daquele seu modo atemporal e viril
Que faz alçar o mais alto passado em minha mente sã

Ensina-me a querer-te mais que um plural
Ainda por cima desejar-te entre os dentes
Naquela desconjuntura carnal
Fazendo-me de seus olhos a alegria rente

Ensina-me o tudo do seu verso, contudo
Não me escolha num pretérito inconsciente
Mas prepare-se para trazer-me sua vida, o fruto
Com o qual perfeito sabor das suas frases pendentes

Ensina-me a caber em suas mãos leves de toque afável
Para que assim eu saiba caber-te em meu ventre
Pousando-te livre, cabelos e fios, textura ardente
Por entre dedos meus, fazendo-te amar do jeito suportável

Ensina-me as mais diversas obras do mundo
Coloque-se por cima de mim (mostre-me mais um mundo)
Que eu tomarei de calor o que se faz por vir
E terei para lhe entregar qualquer outra parte de mim

Ensina-me o que é feio, para depois me surpreender com o belo
Convivendo comigo entre dias dormidos e noites risadas
Transformando-se em nuvem alta, para a minha pele morena
Num vento brando rodopiando em tempestades armadas

Ensina-me a encontrar-te (a encontra-me), sem luz ou tato
Somente pela boca de uma madrugada finita, inquietante
E além disso, participe dos meus aconchegantes embaraços
E cante aqueles versos que falem de lua e do sol brilhante (é, aquele amante)

Ensina-me o que for, seja isso amor (que não rima a dor)
Ou qualquer outra coisa que possa trazer-me o tal sabor
Ensina-me o que tiver, ou o que quiser
A viver ou a viver, a ceder ou a me render
Ensina-me o que ainda não sabe
E o que cabe, vale, cale...

Ensina-me?