25/05/2008

fiz um livro

Ele tinha capa dura, era de cor amarela, com alguns raios laranja, quase parecido com o pôr-do-sol. Tinha comentários interessantes sobre ele na contra-capa e um agradecimento especial logo na terceira página.

Dentro dele, havia recortes pequenos de palavras retiradas de jornais e revistas, letrinhas multi-coloridades que formam palavras e frases inteiras...até o ponto era com cor. Quem o manipulada, achava sua textura intrigante, não sabia dizer se era tocante ou crocante. Não sabia dizer se era delicado ou fajuto.

O romance era caloroso, tornava a cada instante ainda mais exótico e por que não erótico? As palavrinhas cercadas de ambiguidade davam ainda mais sustento à história. E as figuras imaginárias vinham de acordo com cada estação.

Cada um o lia de uma forma. Contavam-me que pegavam o livro e deitavam na cama para saboreá-lo, outros sentavam no chão para lê-lo, outros apenas sentiam a energia ali posta. Apenas uma pessoa havia me falado que não entendia as letrinhas cruzadas, mas depois disso eu fiquei mais contente, pois essa mesma pessoa entendia o meu sorriso e não as minhas colagens.

Os capítulos eram variados em cores. No início, pensei em dividí-los por subtítutos, mas depois tive a idéia de alternar as cores. Parece que fez efeito. Quem vinha me contar sobre ele, me falava que se apaixonara mais pelo capítulo verde ou pelo roxo, variava. Alguns relatavam experências que haviam tido diante de cada capítulo com cor e a narração dos fatos era ainda mais surpreendente.

Meu livro não era nem grande, nem pequeno. Nem grosso, nem longo, nem fino, nem curto. Era adaptável, não tinha lá suas definições. Meu livro era um conteúdo fabricável, imaginário...onde as palavras eram formadas por cada pensamento, não existia conceitos. Tudo era formulado pela energia captada de quem nele colocava as mãos. Só formulava uma opinião, quem diante dele teve uma sensação infinita de ter me conhecido dos pés à cabeça.

ande sempre para o sol

Silenciosamente, o caminho parece mais longo, os passos ainda mais raros, o objetivo torna-se ainda mais atraente.

Há alimentos para o corpo em tudo que não se move, há alma nas árvores, há o espírito da luz. A imagem que se torna ao redor é a sua e o que se toma como segurança é o que o faz enfrentá-lo.

Adoraria escutar o som das luzes, a voz dos roucos, a vibração do sol. Faria de tudo para tremer meus pés junto à terra escura e úmida, a fim de impressionar meu corpo que estaria engendrado no tempo. Sustentaria o excitamento dos meus olhos ao tocar o que é real para eles e, imaginando o melhor, escolheria uma razão para encontrar meu amigo perdido.

...Ficariam lindos os céus, cujo as núvens se entrelaçam para dissolverem-se.
...Tornariam-se ainda mais atraentes as frases perfeitas, se não fossem ditas com tanta ansiedade.

Falta coragem para encarar a liberdade e sobram saltos para a descoberta de novos anseios. Como se experimentar o sal da sombra fosse o contrário de uma dúvida, onde há sempre uma expressão. Então, até quando os ouvidos permanecerão fechados para possíveis e doces realejos?

Somente um andar nupcial para o reencontro do seu corpo com o universo te fará chegar. Uma conexão alada, uns versos sem nada, fotografias armadas...assim será.

Ande sempre para o sol que engole teu sorriso e te leva ao luar, que promete segredos, que desdenha o pensar. Cruze suas pernas, saiba extamente onde está, deseje a paz sem sentido, mas sentindo...sinta o que for irreal, conclua o amor por você.

O sol é...dentro de...sempre com...perfeito para...encontre você.

23/05/2008

os céus de brasília

De manhã a lua é branca, bem lá em cima junto ao céu muito azul que não possui nuvem alguma...Com os raios quentes do sol, se aquece o corpo coberto pelo frio da madrugada e com as janelas abertas do quarto, se percebe a cor que se recebe ao deixar entrar a luz. Logo ao lado se encontra ali deitado, o companheiro cheio de pêlos brancos, cara amarrada, patinha debruçada.

Ao olhar para o outro canto, as marianinhas são amarelas de doer, os sapatinhos de judia começam a me preencher e mais uma vez aquele cabelo de velho me faz sorrir. Segurando uma caneca de café, com a pequena bolotinha branca ao lado e de pé esticado, começo a entoar uma canção conhecida pelo sol. Olhando mais à frente, encaro os coqueiros, as mangueiras e ipês...vejo a carambola, a pitanga, o lilás acentuado do Buganville.

Junto à cerca viva, feita de plantas hepíftas, encontro as maiores flores que já vi, são vermelhas e amarelas...logo ao lado, vejo uma toalha verde-oliva pendurada no portão branco.

Se caminho para o lado esquerdo, avisto o orquidário que fica logo depois do caminho das onze horas, e bem na frente dele está o abacateiro...............Se caminho para o lado direito, avisto os seis cachorros deitados sobre a grama muito verde, de barrigas para cima, se alimentando da luz do rei.

Olhando mais longe, logo abro um sorriso ao imaginar que, em tão pouco tempo, os perfeitos antúrios deram a luz à filhotes saudáveis e, hoje se colocam à mostra na estufa, alternando as cores vermelhas e brancas por mais de 100 passadas para o fundo.

Então eu paro. Olho pro 'nada' e o que vejo?
Borboletas!!
De todas as cores...aqui não há privilegiados, vive quem quer, voa quem pode, salta quem consegue. Passo o dedo pelo chão e já encontro insetos bem menores, olho para a parede, vejo uma aranha, olho a cerquinha mais à frente, vejo um bem-te-vi de cara pra mim.

A tardinha, os pássaros fazem a festa na pitangueira e enquanto vou aguar as plantas com seus estômatos abertos, percebo que anoiteceu e que há uma coruja bem grande no lugar do pássaro na cerca e uma lua bem mais amarela lá no alto desse céu que é tão perto do meu chão.