03/07/2011

eu sou muito

sou um vulcão no paraíso
trem sem destino
desatino em promessa
rede de pesca
sou pavio ainda aceso
gota na estrada
beijo roubado
vidro quebrado
coisa nenhuma
grande fortuna
perda de dente
leite quente
parabrisa na chuva
mão e luva
muita coisa, coisa alguma
giz e lousa
sou nuvem carregada
extrato desavisado
livro intacto
do nada um bocado
sou mesmo uma rua sem beira
um melão na feira
de perto bem mais simples
bonita mesmo só em dias cheios
uma luz na vidraça
o sorriso na praça
um dedinho de café
um pó, um nó
um todo, uma fruta
um gole, à luta
ao chão com sossego
o aperto no peito
um corpo vazio
o presente do tio
pedras no mar
gelo a secar
natureza que brota
vitamina na hora
queda de arbusto
um susto
um tom

sou feito semente
que reza, cresce e sobe
prezo, quero tudo
sei sempre nada
sou forma
frágil
febril
uma brisa alegre
coisa leve
letra aparente
sou isso, dó
desse jeito sonso
e mais eu escuto
que não sou só
nem no minuto
e como não deixo de ser
eu sou muito

Um comentário:

  1. Lu, o que escrevo aqui veio após ler o que vc escreveu acima. É só um toque:

    É bom que haja um amanhã
    indpendente do hoje
    independente de onde esteja agora
    indpendente de como esteja se sentindo
    porque a vida
    não é só esse intante
    e ela é generosa
    seja qual for o ser e estar

    Seja e esteja Bem
    aguarde: ela virá - ele virá
    mas não deixe que os vampiros te rondem
    Tudo é liiiindo na TV, na Arte,
    na Literatura...

    Antes deles e delas
    você merece celebrar-se
    oportunizar-se
    cuidar-se

    Depois, tudo o mais virá
    Ele virá
    Ela vira...

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