28/08/2011

O Sabiá do Sertão

Quando canta me comove, me faz deitar sobre as nuvens, ouvir um disco, sentir o desafio, esquentar-me de louvor. O canto dele imprime em mim o mais certo de todos os amores, canto esse que de tão distante faz-me cobrir os olhos, subir meus trilhos, colher teus sabores. Puro de sentidos, quente de assobios; a impressão que tenho é que vou decantar em toda voz, queixar-me dos nós e encher-me de soluços desesperados pelo canto que se aproxima de todos os sóis. Deve ser por isso que o sertão é tão vazio no restante do ano, deve ser por isso que quando ele não canta, meu peito se derrama, os olhos me chamam e o ritmo desanda, minha mente esvazia. Clamo então por aquela voz, aquele sorriso cantado, o poema amado...chamo então num ensejo, com desejo sucumbo à saudade, meu cheiro vai até aquela terra só para trazer de volta a poesia por trás de tanta cantiga. O sabiá do sertão cantou prosas para a vida que vivo, chorou pelo meu sumiço, contou-me do seu arrepio, quis que eu aparecesse, que eu o amasse, que eu o revivesse. O sabiá do sertão quando canta me comove...

2 comentários:

  1. sabemos que o sábia é sábio
    ele sabe que o sabor da vida
    é vaga
    é vazia
    efêmera
    vaga perdida que vai e volta
    lambendo areia

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  2. Outras formas de representacoes, um cantinho para gritar, chorar, desabafar emocoes e escancarar delicadezas, outra forma de nos fazer conhecer em entrelinhas e nos conhecer ao reler, oq muitas vezes, nem parece que somos capazes de externar... inconsciente coletivo. Lindo seu blog, linda voce!

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