13/10/2008

simples vontade

Ele entrou em seu quarto com passos calmos, não tinha nenhuma intenção de acordá-la, não por enquanto. Quando chegou mais perto de sua cama, não pôde ver o seu rosto, pois como era sua mania, ela sempre cobria a cabeça quando dormia. Ele então apontou seus olhos em direção às pernas dela que estavam a mostra, uma dobrada e outra esticada, como era de costume quando pegava num sono profundo de eterno cansaço. Ele percebeu que se ficasse ali por horas, ela não acordaria, então se demorou em cada detalhe daquele corpo que estava ali em exposição, um corpo que ele não via há muito tempo, um corpo que despertava desejos e saudades, porque havia um tempo que eles não se encontravam.

Admirando seus pés, ele lembrou da vez que foi massageado por algum tempo por meio deles, lembrou-se também que por muitas vezes teve vontade de engolir seus dedos enquanto faziam amor. Subiu, olhou sua perna ali em descanso, paralizada, teve a súbita vontade de pegá-la com uma só mordida e levantá-la para cima dos seus ombros, como era constante em seus delirantes atos, noite a noite. No ímpeto daquele momento, sentiu seu corpo estremecer de apetite por aquela carne e num anseio, a tocou.

Ela não acordou. Ele separou sua mão do corpo dela, pois tinha a intenção de manter-se ali por mais algum tempo, quando ela se virou causando um susto nele, que o fez saltar para trás e ensaiar uma saída rápida do quarto. Mas não, ela não acordou. Ele então pode ficar contemplando as suas costas, sua bunda, suas pernas que agora envolviam um travesseiro com toda vontade. E o domínio dos seus desejos era insuficiente para manter-se ali sem nenhuma atitude.Ele pensou no tamanho do amor que sentia por aquele corpo, e mais, no tamanho do amor que reconhecia sentir por aquela mulher ali deitada, indefesa.

Quando acordou, ela pensou no sonho que teve, pensou no último movimento que saboreou vindo daquela fantasia e voltou a imaginar as pontas dos seus dedos da mão, envolvidas pela língua dele quando se encontravam dentro daquela boca que ela, há poucos segundos, sentiu lhe tocar.

Um comentário:

  1. tocante...todos já passamos por isso, seja como o objeto do desejo ou como o desejoso do objeto
    e viva o abaporu!

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