28/04/2011

Reflorestando-me

...Foi por pouco que não me deixei desmatar por inteira. Quando percebi que o frio que sentia não era do tempo e sim pela falta dos meus outros braços, suspendi o ataque, reconheci minha capacidade de reviver e me segurei com tudo às teias, que ainda muito fracas, me envolviam. Foi por precisar de apoio que me pus a erguer em gritos e, por estar grudada naturalmente à minha terra, me alonguei em direção ao céu e providenciei logo uma disposição do avivamento. Já tinha entrelaçadas em mim algumas sombras, só precisei utiliza-lãs intuitivamente a fim de me sentir apta novamente a sentir o calor da selva. Se eu tinha uma janela de possibilidades para me animar, tinha em mim também o prazer de frutificar. Me tomei de poder, me fortaleci e enxuguei o suor que escorria feito alma por fora de mim. Cri que envelheci. Mas o fluido era tanto que de nada me privei, finquei mais forte as rizomas soltas, proporcionei assim um novo direito de fazê-las crescer. E foi assim, sem perder mais sorte, sem desaguar, que eu voltei a dar vida aos meus galhos, pois mesmo vendo todas as folhas secas em volta de mim, pensei e recriei um jeito menos sombrio de entender o motivo pelo qual elas haviam caído.

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