28/04/2011

Todas as coisas são pequenas

“Todas as coisas são pequenas” é o título de um livro do escritor indígena Daniel Munduruku. Tal frase heróica me salvou de pensar que eu pudesse ser julgada por pensar pequeno. Aboli a idéia de que inexistia em mim a ambição e reconsiderei então a minha inserção no mundo onde coisas simples, porém importantes, significavam uma identidade essencial da busca severa da minha personalidade digna. No livro, um homem que dava muito valor aos aportes financeiros e sucumbia à futilidade, sofreu um acidente que o deixou perdido num mundo sufocantemente desconhecido, o da simplicidade. A compaixão que ele encontrou, esta oriunda de pessoas-chaves e amorosamente simples, o fez se encantar e acreditar nos valores antes desconhecidos que até então ele repelia, mas que, por sua vez reconhecidas, o fazia ter outra visão privilegiada sobre o repente que é testemunhar esperançosamente uma lição.

Com isso, já salva da culpa que eu sentia por entender que o exagero em cima das coisas simples as tornavam bem maiores e me fazia sofrer, me senti livre para confessar que dou sim valor real às coisas e entendo que não supervalorizo nada, mas que sei exatamente a grandeza das coisas ditas como pequenas e que me trazem liberdade ao sentir.

Quando se compreende que o amor pelo que existe dentro de um ser, além de ser possível passar adiante é incontestavelmente maior que tudo o que se pode comprar, é que se re-conhece o mundo incrível que temos dentro de nós. O poder infinito que vem do interior proporciona um desejo imenso de recriar externamente, mas naturalmente, todas as coisas julgadas pequenas que por algum motivo nos fazem crer que são de mais valor. Entendamos que acreditarmos num sentimento próprio é algo que não se força, acontece. Habitualmente nos fazemos lutar contra o que trazemos de dentro pra fora, mas, diante disso, sofremos indiscutivelmente muito mais.

Compreender que o universo de todas as coisas é do mesmo tamanho devido à proporção que criamos para elas é o que nos faz crescer diante de tudo que ainda podemos encontrar. Supervalorizar é abrir espaço para esperar cada vez mais. E a expectativa abre espaço para decepção. Se não há a espera sobre o valor de determinadas coisas, então encaramos os pertences da vida como únicos e simples, vivemos melhor, assim somos mais agraciados pelo espírito, somos presenteados com a verdadeira sensação de liberdade.

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