18/06/2011

Ensina-me

O que eu já sou hoje e o meu tempo amanhã
E soma-se ao meu dia itinerante e febril
Daquele seu modo atemporal e viril
Que faz alçar o mais alto passado em minha mente sã

Ensina-me a querer-te mais que um plural
Ainda por cima desejar-te entre os dentes
Naquela desconjuntura carnal
Fazendo-me de seus olhos a alegria rente

Ensina-me o tudo do seu verso, contudo
Não me escolha num pretérito inconsciente
Mas prepare-se para trazer-me sua vida, o fruto
Com o qual perfeito sabor das suas frases pendentes

Ensina-me a caber em suas mãos leves de toque afável
Para que assim eu saiba caber-te em meu ventre
Pousando-te livre, cabelos e fios, textura ardente
Por entre dedos meus, fazendo-te amar do jeito suportável

Ensina-me as mais diversas obras do mundo
Coloque-se por cima de mim (mostre-me mais um mundo)
Que eu tomarei de calor o que se faz por vir
E terei para lhe entregar qualquer outra parte de mim

Ensina-me o que é feio, para depois me surpreender com o belo
Convivendo comigo entre dias dormidos e noites risadas
Transformando-se em nuvem alta, para a minha pele morena
Num vento brando rodopiando em tempestades armadas

Ensina-me a encontrar-te (a encontra-me), sem luz ou tato
Somente pela boca de uma madrugada finita, inquietante
E além disso, participe dos meus aconchegantes embaraços
E cante aqueles versos que falem de lua e do sol brilhante (é, aquele amante)

Ensina-me o que for, seja isso amor (que não rima a dor)
Ou qualquer outra coisa que possa trazer-me o tal sabor
Ensina-me o que tiver, ou o que quiser
A viver ou a viver, a ceder ou a me render
Ensina-me o que ainda não sabe
E o que cabe, vale, cale...

Ensina-me?

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